agosto 20, 2008

3 pessoas e um corpo


Ocorreu um suicídio, alguém se jogou do décimo terceiro andar em plena luz do dia, o centro da cidade estava abarrotado de gente, a maioria das pessoas se chocou muito, outras, talvez menos sensíveis, menos.

Tomo 1

Centro da cidade, uma ensolarada quinta-feira no qual pessoas vão 'felizes' para o trabalho, algumas nem isso. O frenesí chega a ser espetacular, buzinas incessantes, carros barulhentos, motos, trens, muitas vozes e por vezes gritos. Um deles foi do garoto de onze anos, Ogumi Yamada, foi uma das poucas vezes que ele gritou na vida.
- Que saco. Eu não agüento mais. – era só o que ele conseguia pensar.
Alguma coisa o atormentava e ele não conseguia descobrir o que era, sua dúvida nunca cessava e a angústia o atormentava já havia muito tempo, uma angústia que lhe tomava inteiro, corpo, mente, espírito, Ogumi não tinha memórias de um momento em que essa sensação não estava presente e agora ele não suportava mais nem um pouco disso.
Nem tudo era sofrimento, Ogumi chegou a ser uma criança feliz, mas naquele momento se encontrava descrente do futuro, do mais próximo ao mais longínquo. Um outono triste e tempestuoso, quase eterno, se estirava a sua frente como um corredor sem fim. E por mais que sua imaginação o levasse aos lugares mais aconchegantes, a realidade o nocauteava com assombros de miséria e tristeza que lhe faziam temer o mundo. E a angústia lhe invadia de tal maneira que os segundos por vezes eram horas; os minutos eram dias; e a angústia de um dia, às vezes lhe sugava mais do nos suga em meses.
Foram anos a fio de angústia, e sua vida não era materialmente miserável, mas parecia ter falhado nele o instinto de sobrevivência, que fora se dissolvendo na dor com o passar dos anos. Pois que naquele momento para Ogumi, morrer não era uma coisa tão ruim. Era em sua mente uma coisa um tanto tranquila, tanto quanto uma mudança de cidade em plenas férias, onde o endereço da nova casa seria um lugar calmo em frente a um lago em que ele pudesse pescar.
E foi com essa fantasia que ele mergulhou.

agosto 02, 2008

o Trem

Pessoas tão tristes atravessam as ruas, será que eles estão mesmo tristes, ou será que sou eu? São Paulo sempre me deixa essa dúvida. Tenho de pegar o trem e rápido.
O trem não chega, mas que aflição, que será que chega primeiro? As consequências dos meus atos ou as consequências dos atos do maquinista? No final das contas todas as consequências existem pois os atos já se tornaram passado e o presente é só o porvir.
Porra, o passado foi péssimo e eu não encontro maneiras de o presente ser diferente. A não ser que algo mágico aconteça ou que tudo acabe aqui. Não posso esperar por nenhuma dessas opções, sería ridículo ou suicída. Então só me resta o mau logrado presente. Fúnebre, triste, decrépito, miserável presente.
Oras, para acabar com este ciclo vicioso é necessário um rompimento, mas é impossível que este seja instântaneo, é necessário que eu me desenvolva, de forma que o rompimento aconteça gradualmente. Porém isto só me leva a crer que serão inúmeros presentes de angústia e dor até algum de riqueza e alegria.
Olha o trem chegou! Quantos presentes afinal terei de passar nessa penumbra?

agosto 01, 2008

Estréia

Está aberto o Feriado Crônico.

Este blog se dedicará exclusivamente a nada. Tal como um bom feriado, em que o melhor a se fazer é nada, este blog se construirá a partir de simplesmente nenhuma premissa pré-estabelecida, somente a de que nada é melhor que tudo, uma vez que tudo, exije tempo e esforço, nada não exije nada, não leva a nada e melhor, surge do nada!
Tal como percebeu caro leitor, este blog não é para você, amante da boa leitura de internet, bons contos, críticas e análises, aqui você não vai encontrar. Mas pra você, inusitado visitante, este site pode vir a se mostrar muito útil, tendo em vista que todos nós uma hora nos deparamos com o nada, nada pra fazer, nenhum lugar a ir, ninguém pra conversar, nenhum livro pra ler. Não estou sujerindo aqui que você leitor ja tenha atinjido um nível superior da existência em que você não precisa mais de nada, muito menos que você não se interesse por nada desse mundo tão vasto, mas como conhecedor do tempo humano que sou, sei por desventura que todos nós estamos sujeitos ao tédio, e esse pressupõe o nada.
Portanto caro leitor, se você tiver coisa melhor a fazer, faça! Pois se insistir, perceberá que o inváriavel caminho de teu mouse será o canto superior da tela! Mas não te acanhe caso seja despretensioso passeador ou se sol brilha lá fora num lindo feriado em que não há nada pra fazer. Alguns minutos de diversão e divagações não lhe farão mal algum e podem até lhe trazer algum agrado, portanto fique a vontade e faça desta a tua casa, descance, relaxa, curta, até que o sol ou a lua, a cerveja ou a pinga, a vizinha ou mulher lhe sejam mais interessantes.
Obrigado