agosto 14, 2012

Astronauta

Depois de pousar na lua as transmissões com a terra cessaram por alguns instantes, o astronauta, agora sozinho, olhou o negro universo e subiu as escadas de sua nave. Silêncio, ele se sentia estranho, mais calmo e seguro do que o normal, mais presente. Seus olhos, abertos e atentos, varreram calmamente aquela estranha nave, neste momento eles enxergavam algo além do que os metais da esfera voadora. A placa de aço brilhante do qual saiam tantos fios, as luzes piscantes, botões e interruptores do seu transporte espacial, os galões azuis de oxigênio, pareciam agora fazer parte de um mistério evidente que percorria a tudo e fluía sem limitações.
Diante desse mistério uma luz verde na cabine alertava que ele deveria reiniciar as transmissões com a missão na terra, e depois de ligar o microfone e ativar o transmissor, recomeçou o ruído tradicional das transmissões espaciais, entrecortado por bipes agudos e curtos.

- Terra, esta é a Missão 187.
- Missão 187, como estão as coisas ai em cima?
- Está um céu de brigadeiro aqui, Terra.
- Muito bem 187, muito bem.
- As amostras de rochas profunda já foram recolhidas e estão embaladas, prontas pra viajar, Terra.
- Certo 187, você já pode religar os carregadores de propulsão.
- Carregadores acionados Terra.
- Ok 187, nós entraremos em contato novamente em vinte minutes.
- Ok Terra, 187 desligando.

E o astronauta imaginou seus amigos que acabaram de falar com ele, sentados na sala de comando da missão, preocupados com as tarefas designadas, trabalhando coletivamente, em harmonia pra que desse tudo certo. E se lembrou de sua casa, de sua esposa que olhava a lua sabendo que seu amor estava ali, de seus filhos que dormiam um sono leve e tranquilo.